Ruínas da Torre de Vasconcelos.
- Rodrigo Vasconcelos
- 20 de set. de 2024
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As ruínas da Torre dos Vasconcelos se localizam junto à capela de Santa Luzia, no Lugar de Vasconcelos, Santa Maria de Ferreiros, Portugal, pertence ao Distrito de Amares e se encontra atualmente em meio aos campos de cultivo. A Torre dos Vasconcelos foi erguida em terreno plano e está classificada como imóvel de interesse público, através do decreto 37 077 de 29 de Setembro de 1948.
Pedro de Azevedo, em “Os de Vasconcelos, Volume II, 1904”, investigou e concluiu que a mais antiga referencia feita a um Vasconcelos remonta a 1288, nas “Inquirições de D. Afonso III, livro 9, 1ª alçada entre Cávado e Minho, Freguesia de Santa Maria de Ferreiros, pagina 426”, que afirma que "Vasconcelos é Honra e pertence a Rodrigo Anes de Vasconcelos e Pero Anes de Vasconcelos”, e que a Torre vinha do tempo de D. Egas Fafes, que era avô de D. Teresa Soares da Silva, esposa de Pedro Martins da Torre, que juntos, foram pais de D. João Peres de Vasconcelos e avós de Rodrigo Anes de Vasconcelos e Pero Anes de Vasconcelos. Datados de 1265, dois documentos transcritos no Tombo do Mosteiro de Arouca, conhecido por Tombo de D. Mór Martins, foram encontrados, onde o primeiro mostra uma procuração de D. Sancha Peres de Vasconcelos, irmã de João Peres de Vasconcelos e portanto tia de Rodrigo Anes de Vasconcelos e Pero Anes de Vasconcelos, datada de 06 de Janeiro de 1265, onde ela delega a estes seus dois sobrinhos, netos de Pedro Martins da Torre e bisnetos de D. Martim Moniz, poderes para que os mesmos pudessem trocar benfeitorias que D. Sancha Peres de Vasconcelos possuía nas terras de Santa Maria de Ferreiros, por outras benfeitorias existentes em Vasconcelos, que por sua vez eram pertencentes à Abadessa de Arouca, D. Mór Martins, que por sua vez era prima de D. João Peres de Vasconcelos e D. Sancha Peres de Vasconcelos. Já o segundo documento se trata de uma carta que registra a troca das benfeitorias citadas anteriormente, ou seja, aquelas que D. Mór Martins recebeu de herança da sua mãe D. Estevainha (ou Stephania) Soares, em Vasconcelos, onde constam como testemunhas D. Martins Fernandes Machado e Rodrigo Afonso da Torre. Vale ressaltar que D. João Peres de Vasconcelos e D. Sancha Peres de Vasconcelos eram primos de D. Mór Mendes, portanto, todos estes primos eram descendentes de D. Egas Fafes. Vale ressaltar também de D. Sancha Peres de Vasconcelos morreu sem deixar descendentes. D. Sancha Peres de Vasconcelos era irmã de D. João Peres de Vasconcelos, ambos filhos de D. Pedro Martins da Torre com D. Teresa Soares da Silva, que por sua vez, era irmã da já citada D.Estevainha (ou Stephania) Soares da Silva, ou seja, D. Teresa Soares da Silva era tia de D. Mór Martins, por isso, conclui-se que a Torre de Vasconcelos, antes de levar o nome Vasconcelos, pertenceu a D. Mór Martins e seus ascendentes.
D. João Peres de Vasconcelos, D. Sancha Peres de Vasconcelos e D. Mór Martins descendiam então de D. Egas Fafes, filho de D. Fáfila Lucides, que se casou com D. Urraca Mendes de Sousa, e juntos foram pais de D. Froilhe Viegas de Lanhoso, que se casou com D. Soeiro Pires da Silva. Do casal D. Froilhe Viegas com D. Soeiro Pires da Silva nasceu D. Estevainha (ou Stephania) Soares da Silva, que por sua vez se casou com D. Martim Fernandes de Riba de Vizela, nascendo então deste casal, D. Mór Martins, a abadessa de Arouca. Vale ressaltar que D. Egas Gomes Pais, trisavô de D. Estevainha (ou Stephania) Soares da Silva e de D. Teresa Soares da Silva, edificou Rendufe, mosteiro vizinho de Vasconcelos, que também foi de posse dos Vasconcelos.
Já que a Torre se localizava em Vasconcelos, fazia parte das terras de D. Mór Martins por herança de seu família, fato corroborado pelas inquirições de D. Dinis, que informam que "Vasconcelos é Honra, porque é herdamento dos de Vasconcelos & ganharonna do espittal per escambo”. Conclui-se que certamente logo a após a troca entre as benfeitorias de D. Sancha Peres de Vasconcelos com as de D. Mór Martins, que constam nos dois documentos anteriormente citados, é que a Torre passou a levar o nome Vasconcelos, mas a relação entre D. João Peres de Vasconcelos e D. Sancha Peres de Vasconcelos, filhos de D. Pedro Martins da Torre e D. Teresa Soares da Silva, com Lugar de Vasconcelos, certamente já existia, uma vez que ambos já levavam o sobrenome “De Vasconcelos”, toponímico, ou seja, de origem geográfica, assim como a torre, que passou também a se chamar Torre dos Vasconcelos. Vale ressaltar, que o Lugar de Vasconcelos já pertencia aos ascendentes dos Vasconcelos por parte de de D. Teresa Soares da Silva através do seu avô D. Egas Fafes de Lanhoso.
Após o desafio régio de D. João Peres de Vasconcelos a D. Sancho II, pela acusação do assassinato já citado anteriormente, o desafio à autoridade central continuou com o seu filho D. Rodrigo Anes de Vasconcelos, conforme consta nas inquirições de D. Dinis, de 1301 e 1308. O inquiridor D. João Cesar registrou que na região entre Homem e Cávado não existia Juíz, Tabelião, Porteiro e nem Mordomo, pois ninguém queria assumir tais funções na região, pois D. João Peres de Vasconcelos não permitia, e que o mesmo ocorria em outras freguesias como Verim, Vilar do Monte, São Salvador de Amares e Santa Maria de Aguas Santas, por imposição do seu filho de Rodrigo Anes de Vasconcelos. Isso se dava, pois os membros da Família De Vasconcelos possuíam muita força devido ao número de terras que possuíam, e também pelo fato de que todas elas eram fortificadas, e a Torre de Vasconcelos, na sua configuração conhecida, conclui-se que foi constituída na época de D. João Peres de Vasconcelos e dos seus filhos, que lá viveram ao longo dos reinados de D. Sancho II, D. Afonso III e D. Dinis.
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